O “Mapa” do vinho francês!

O “Mapa” do vinho francês!

(Para quem ainda não conhece o país e suas regiões vinícolas, mas aprecia seus vinhos!).

 

São francesas as grandes castas (uvas) viníferas que hoje fazem a alegria de enófilos do mundo inteiro... Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Pinot Noir, Chardonnay, Sauvignon Blanc e outras. São castas francesas, mas cultivadas em muitos outros países e, felizmente, bem adaptadas a eles.

A França tem uma legislação austera, que torna seu vinho sinônimo de capricho e rigor. Não por acaso, o país é a grande escola de Enologia para produtores do mundo inteiro, ainda que países emergentes busquem novos estilos de vinhos. Além disso, é um produtor e consumidor notável também em números: anualmente, produz cerca de sessenta milhões de hectolitros e consome sessenta litros per capita. Com tanto vinho assim, é evidente que não basta ser francês para ser bom. Existe muito vinho francês de qualidade duvidosa, por isso, na hora da compra, é importante observar no rótulo a região e o produtor.

Procure nos rótulos as classificações conforme segue:

Vin de Table (Vinho de Mesa): categoria composta por vinhos simples, mais baratos, provenientes de várias regiões, em especial do Midi (Sul).

 Vin de Pays (Vinho Regional): de categoria superior ao “Vin de Table”, esse vinho é proveniente de regiões determinadas, especialmente do Sul.

Vin Délimité de Qualité Supérieure - VDQS (Vinho Delimitado de Qualidade Superior): antecede a categoria máxima dos vinhos franceses. São aqueles provenientes de regiões pequenas.

 Vin d'Appellation d'Origine Contrôlée - AOC (Vinho de Denominação de Origem Controlada): nessa categoria estão os grandes vinhos franceses. As normas de produção são estabelecidas pelo Institut National des Appellations d' Origine (INAO), com sede em Paris.

 São sete as principais regiões produtoras, indicadas no MAPA inserido abaixo, a saber:

1. Bordeaux - No mapa: Sudoeste da França, na confluência dos rios Garonne e Dordogne. É a região vinícola mais importante da França. De lá saem os grandes vinhos do mundo - e os mais caros também! 

Castas mais comuns - Tintas: Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Malbec, Merlot, Petit Verdot; Brancas: Sauvignon Blanc, Muscadelle, Sémillon, Merlot Blanc.

É composta por sete sub-regiões: Graves, Médoc, Sautenes-Barsac, Entre-Deux-Mers, Pessac-Léognan, Pomerol e Saint-Emilion. Médoc é a mais famosa, dividida nas seguintes comunas, do sul para o norte: Margaux, Moulis, Listrac, Saint-Julien, Pauillac e Saint-Estèphe.

Não morra sem experimentar: Château Mouton-Rothschild, Château Latife-Rothschild, Château Latour, Château Margaux, Château Pétrus, Château Haut-Brion, Château D' Yquem.

2. Borgonha (Bourgogne) - No mapa: Centro-Oeste da França. É considerada a segunda região vinífera mais importante do país. Também produz brancos e tintos.

Castas mais comuns - Tintas: Pinot Noir, Gamay; Brancas: Chardonnay, Pinot Blanc, Aligoté. A Bourgogne tem a seu favor o branco seco Montrachet e o tinto Romanée-Conti, dois dos maiores e mais renomados vinho da França e, portanto, do mundo. De lá também são o famosíssimo branco “Chablis” e os tintos Beaujolais, inclusive o festivo Beaujolais Nouveau.

É composta por cinco principais sub-regiões: Chablis, Côte d'Or, Chalonnais, Mâconnais e Beaujolais.

Não morra sem experimentar: Le Montrachet, La Romanée-Conti, Château Fuissé, Clos du Roy.

3. Champagne - No mapa: Nordeste da França. É uma das regiões mais importantes do país, pela produção dos desejados champagnes. Nas cidades de Epernay, Reims e Ay, próximas ao rio Marne, prospera o vinho borbulhante, sinônimo de alegria, sofisticação e elegância.

Pelas leis locais, o Champagne só pode ser elaborado com as uvas tintas Pinot Noir e Pinot Meunier e com a branca Chardonnay. O método de produção também é único, o champenoise, em que a segunda fermentação, a que produz as bolhas, ou perlage, se dá na própria garrafa.

 Existem seis categorias de Champagne:

 Não-millésimé: champagne branco, comum, sem referência a safra. Corresponde a 80% de toda a produção de Champagne.

 Millésimé: champagne com data, produzido com vinho de uma só colheita, geralmente muito boa. Deve envelhecer em adega por no mínimo três anos.

 Cuvée Prestige: elaborado com os melhores vinhos das melhores safras. Champagne nobre, muito caro, comercializado em garrafas especiais. Exemplo: Dom Pérignon (safrada)

 Rosé: utiliza vinho ou mosto de uvas tintas, o que lhe confere mais o corpo.

 Blanc de Blancs: elaborado unicamente com a uva Chardonnay.

 Blanc de Noirs: elaborado com as uvas tintas Pinot Noir e Pinot Meunier.

 Quanto ao teor de açúcar, existem seis tipos de champagne:

 Extra-brut: sem adição de açúcar (até 6g de açúcar residual por litro).

Brut: o mais seco (menos de 15g de açúcar por litro).
Extra-sec: muito seco (de 15g a 20g de açúcar por litro).
Sec: seco (de 17g a 35g de açúcar por litro).

Demi-sec: entre seco e doce (de 35g a 50g de açúcar por litro).
Doux: doce (acima de 50g de açúcar por litro).

 Não morra sem experimentar: Krug, Dom Pérignon, Bollinger, Piper-Heidsieck, Louis Roederer, Veuve Clicquot Ponsardin, Taittinger, Pommery, Moët & Chandon.

 4. Alsace (Alsácia) - No mapa: Leste da França, próximo à fronteira com a Alemanha.

Essa região difere do padrão francês de classificação, pois seus vinhos, em geral, são varietais (trazem o nome da uva no rótulo). Os vinhedos "perseguem" o rio Reno e as montanhas próximas. A região prima por vinhos brancos secos, frutados e de aromas ricos.

 Castas mais comuns - Brancas: Riesling Renana, Gewurztraminer, Muscat, Pinot Gris (ou Tokay d' Alsace), que produzem os melhores vinhos da Alsácia. Existem ainda uvas que produzem vinhos mais simples: Pinot Blanc, Pinot Noir, Sylvaner, Chasselas.

 Não morra sem experimentar: Alsace Sélection de Grains Nobles, Alsace Grands Crus, Alsace Vendange Tardive.

5. Rhône - No mapa: Sul da França, às margens do rio Rhône. Referências: Cidades de Lyon e Avignon, nas proximidades do mediterrâneo.

Castas mais comuns - Tintas: Syrah, Grenache, Mourvèdre, Cinsault; Brancas : Clairette, Grenache Blanc, Roussane, Macabeu, Bourboulenc, Viognier.

São de lá os grandes vinhos tintos “Hermitage”, com estrutura para envelhecer por muitos anos, e o “Châteauneuf-du-Pape”, prestigiado no mundo inteiro. Entre os brancos destacam-se o “Château Grillet” e o “Coindrieu”, ambos elaborados com a casta Viognier. É preciso citar também o “Tavel”, feito com a uva Grenache e considerado o melhor rosé da França.

6. Vallée de La Loire - No mapa: Norte da França, nos arredores do rio Loire (Onde também estão os mais famosos Châteaux (Castelos) da França, a exemplo do Château Chambord, Château Chenonceau, Château Amboise, entre outros).

Castas mais comuns - Tintas (são as mais cultivadas) Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Gamay, Pinot Noir; Brancas: Chasselas, Chenin Blanc, Sauvignon Blanc.

É composta por várias sub-regiões: Anjou-Saumur, Touraine, Muscadet, Sancerre, Pouilly Fumé, Vouvray etc.

Os rosés de Anjou ficaram famosos no Brasil, mesmo não sendo grandes vinhos. Hoje, os brancos e tintos Sancerre, o Pouilly Fumé branco seco e os Vouvray brancos, secos ou doces são, merecidamente, mais prestigiados aqui.

7. Midi - No mapa: estende-se do oeste do Rhône até os Pirineus, no Sul da França.

Castas mais comuns - Tintas: Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah, Grenache, Mourvèdre, Cinsault; Brancas: Chardonnay, Ugni Blanc.

É composta por três sub-regiões: Cotês-de-Provence, Languedoc e Roussillon. Por muito tempo, essa região foi desvalorizada pela produção de vinhos comuns, mas isso está mudando. Uma nova mentalidade entre os viticultores vem introduzindo qualidade nos vinhos, a ponto de a região já receber o título de Califórnia francesa.

Uma curiosidade: No Brasil, os vinhos rosés da Provence foram moda entre as décadas de 60 e 70.

Eu, pessoalmente, adoro os rosés da Provence. Aliás, adoro tudo da Provence!... Seus villarejos, a exemplo de Saint Paul de Vence, suas fazendas de lavanda, seus vinhedos pitorescos e sua proximidade com a Côte D’Azur (Mônaco, Nice, Fréjus, Cap d’Antibes, Saint-Tropez, Cannes etc.). 

Bons goles e até a próxima!

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