Visitando a região de Champagne/Ardenne, na França!

Falando sobre a minha foto que aparece no perfil do meu Facebook, da qual alguém me perguntou onde ficava... Eu disse que é no centro histórico medieval da cidade de Troyes, no Departamento de Aube (região de Champagne/Ardenne), cerca de 160 km de Paris.

Por oportuno, vou fazer mais um comentário a respeito, pois amo esse lugar e toda a região!

Quando se programa um roteiro pela região de Champanhe, seja uma viagem mais longa ou mesmo um bate-e-volta a partir de Paris, as cidades que vêm à cabeça são “Reims” e “Épernay”. A primeira por causa da sua majestosa catedral, de toda a mitologia que envolve as coroações de 25 reis franceses, que aconteceram ali, e as histórias de guerra. Já “Épernay”, bem no coração da principal zona produtora de borbulhas, por ser considerada a Capital do Champagne (do Champagne, o Vinho, não de Champagne, a região). Ambas são lembradas imediatamente também por serem o endereço das “Maisons” mais famosas: Moet & Chandon, Veuve Clicquot, Pommery, Pol Roger e tantas outras. Se formos um pouco além, vamos lembrar-nos de “Ay”, também perto dali. Mas ninguém pensa em “Troyes”. Só que esta cidadezinha, a cerca de uma hora do trio acima citado, é provavelmente a mais charmosa do circuito de Champagne!... 

Por várias razões!... Enquanto “Reims” e a vizinhança foram devastadas pelas guerras, “Troyes” ainda preserva o casario medieval do centro histórico (que, aliás, tem forma de rolha de champagne. Por pura coincidência, porque quando as muralhas neste formato, já destruídas, foram erguidas, na Idade Média, ainda estava longe de haver um vinho decente da região, muito menos uma rolha de cortiça como este que conhecemos, em forma de cogumelo)...

É muito mais gostoso e até charmoso andar por “Troyes” que por “Reims” e “Épernay”, sem dúvida!... “Troyes” é também famosa por ter pequenos produtores, que fazem champagnes de caráter muito próprios com as uvas plantadas em seus vinhedos. É de lá desta região, por exemplo, o Drappier Carte d'Or, o rótulo básico desta Maison, que não é tão acanhada assim, mas bem menor das que citei acima, e tantas outras.

Pra mim, com toda a sinceridade, na linha mais simples de champagne, este é o que apresenta a melhor relação custo-benefício no mercado brasileiro... Custa menos e é melhor, por exemplo, que Veuve Clicquot e Moet & Chandon - mas é mais difícil de encontrar (fica a dica: quem importa é a Zahil). 

Esta pequena e charmosa cidade recebe cerca de 04 milhões de turistas por ano (quase o que o Brasil inteiro recebe). Mas não pense que esta legião de visitantes está atrás de vinho... Não, eles vão para comprar!... “Troyes” tem uma forte tradição de indústria têxtil - a fábrica da Lacoste, por exemplo, fica ali. Mas o que atrai esta multidão tampouco é o jacaré, e sim os três outlets que existem ali cheios de marcas de grife (não entendo muito do assunto, mas as mulheres que me acompanharam nas viagens que fiz, ficaram doidas listando as lojas que estão lá). 

Se por um lado “Troyes” preserva o seu lindo centro histórico medieval, que merece ao menos um dia para ser visitado com calma, e também os seus ofícios ancestrais (tecelagem, marcenaria, artes plásticas - são famosas as esculturas de lá, com técnica muito apurada), a cidade também se coloca na vanguarda na indústria do turismo, com criatividade para chamar a atenção. Criaram, por exemplo, o “toutourisme” (que significa mais ou menos totóturismo, ou seja, turismo para cães). Assim, atraem visitantes com os seus cachorros, que encontram parques para passear com os animais e uma série de comodidades, como banheiros para cachorros. Dizem que a cidade ficou até mais limpa.

(O próximo passo é colocar nos museus áreas para que, enquanto os donos visitam os acervos, os cães tenham quem tome conta deles). Isso virou um, como chamam os modernos, benchmark, um case de repercussão internacional que passou a ser copiado, servindo de modelos para ações similares em outros países. Representantes do turismo do Canadá, por exemplo, já foram lá conhecer mais do projeto.

Outra ideia inteligente e interessante do pessoal que cuida do turismo local foi inventar o "site jogging". Como há muitas igrejas e atrações nos arredores da cidade, eles criaram um roteiro para ser feito correndo, como tantos que há por aí para bicicletas, por exemplo, mas para se fazer correndo é o primeiro caso que tenho notícia. 

Nesta linha de chamar a atenção por ações do gênero, agora eles miram a sustentabilidade (o "site jogging" já é uma manifestação disso). Então, resolveram abolir do serviço público o uso de veículos, na medida do possível. O primeiro exemplo nesta linha é a coleta de lixo, hoje feita por carroças puxadas a cavalo. 

Enfim, desde a primeira vez que lá estive, fiquei impressionado com “Troyes”...

Dá próxima vez que você for à França e resolver visitar a região de Champagne, não deixe de conhecer essa maravilha!...

Bom Voyage et bonnes gorgées!


Comentários

  1. Parabéns por todo seu conhecimento, estou aprendendo muito com o senhor !

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    1. Fico feliz em saber que estou sendo útil pra você, pois é sempre gratificante compartilhar o mundo maravilhoso do vinho!!!... Um caloroso abraço!!!

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